O Futuro de Marina Silva

Posted on julho 8, 2011

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José Luiz Penna, atual presidente do PV-BR, ao lado de Marina Silva

A ex-senadora Marina Silva anunciou nesta quinta-feira, 7, a sua desfiliação do Partido Verde no evento “Encontro por uma nova política”, realizado na Zona Oeste de São Paulo. O encontro reuniu aliados políticos da ex-ministra do Meio Ambiente, entre representantes das bancadas cristãs, evangélicas, verde, entre outras.

O grupo, formado por Marina e outros apoiadores que deixaram o PV ao seu lado, além de representantes que permanecem tanto no Partido Verde quanto em outros partidos, pretende se reunir em um movimento cujo lema será “verde e cidadania”. O movimento deve ser lançado entre agosto e setembro. Se for criado, um novo partido só deverá surgir após as eleições de 2012. Cerca de 400 pessoas participaram do ato. Marina não informou quantos estão deixando o partido com ela. Segundo a ex-senadora, o movimento de desfiliação do PV deve ser semelhante ao que houve quando ela saiu do PT, “quando alguns poucos saíram”.

Marina deixou o PT em agosto de 2009 e se filiou ao PV para concorrer às eleições de 2010. Disputou a Presidência da República e ficou em terceiro lugar, com quase 20 milhões de votos. Ressaltou, no entanto, que a saída do partido não tem motivação eleitoral. “Manter a coerência e seguir em frente, é o sentido de nosso gesto, repito. Não se trata de uma saída pragmática, com olhos postos em calendários eleitorais. Ao contrário, é a negação do pragmatismo a qualquer preço”, disse.

Alfredo Sirkis, ex-vice presidente do PV Nacional

Apoio

Responsável pelo convite a Marina para integrar o PV, o deputado federal Alfredo Sirkis (RJ) foi um dos que mais criticou o partido: “O PV não conseguiu se desvencilhar da cultura política brasileira. Se perdeu em carguinhos, em fisiologismo”, declarou. Apesar das críticas, Sirkis disse que deve continuar no partido, ao menos por enquanto. Ele, como Gabeira (que pretende se candidatar a prefeito do Rio nas próximas eleições), afirmou acreditar que a partir do gesto de Marina, podem acontecer coisas dentro do partido. Ele também afirmou que pretende manter seu mandato na Câmara dos Deputados, mas informou que, embora siga filiado, irá se desligar da vida partidária. Sirkis disse que poderá até fazer campanha contra algum candidato do PV que julgue ser ‘pilantra ou fisiológico’.

“Os partidos continuam importantes, mas precisam abandonar velhas práticas”. Marina diz que irá trabalhar para pautar os partidos pela agenda da sustentabilidade, para dar sustentação para Dilma vetar se o novo Código Florestal for aprovado. “Estaremos todos juntos, inclusive com pessoas de outros partidos, ou sem nenhum partido”, disse ela. Para Sirkis, “quando se está no partido, há um constrangimento em não os apoiar e apoiar outros que tenham compromisso com o nosso programa. Afastado, tenho liberdade de chegar a um município e, para a base do PV, dizer para não votar num candidato a vereador ou a prefeito porque, mesmo filiado ao PV, é um pilantra”. O movimento criado, continua ele, será supra-partidário. “Tem uma deputada do Amazonas, que é do PP, e compactua com nossa causa. Podemos apoia-lá”, diz.

 

Partido Verde

Marina Silva, durante seu discurso no "Encontro por uma Nova Política"

O PV divulgou nota à imprensa na qual lamenta o episódio que resultou na saída de Marina Silva dos quadros do partido. No comunicado, o PV chama de “polêmica artificialmente inflada” a briga interna com o presidente nacional do partido, José Luiz Penna. O desentendimento entre Marina e a cúpula da sigla foi um dos fatos determinantes para a saída da ex-presidenciável, que obteve quase 20 milhões de votos em 2010.

“O Partido Verde lamenta muito essa falsa polêmica artificialmente inflada sobre a falta de democracia interna, que tem gerado distorções injustas na imprensa brasileira. Continuaremos sempre abertos para receber em nossas fileiras pessoas que entendem que a luta pelo coletivo é muito mais relevante do que a luta pelo individual”, destaca a nota, divulgada pela liderança do PV na Câmara e assinada pela Executiva Nacional do partido.

Na análise do PV, a polêmica em torno da saída de Marina seria a primeira grande “crise de crescimento”, mas ressalta que o “Partido Verde e suas lutas, entretanto, são maiores do que qualquer pessoa”. O PV afirma ainda que não se recusou a efetivar aperfeiçoamentos nas regras que moldam o funcionamento do partido. “Estão programadas atualizações programáticas e elas ocorrerão no tempo oportuno dos verdes e como decorrência de amplo debate interno e com a sociedade, não da imposição de grupos determinados que integram o partido.”

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